Iniciamos, portanto, pontuando o caráter estrutural e multidimensional das desigualdades. Estrutural porque não iniciaram no presente. Elas representam uma continuidade dentro de um processo histórico que moldou a estrutura social do país. E multidimensional porque não devem ser pensadas somente em relação à renda. Fatores como gênero, raça, orientação sexual, escolaridade, ciclo de vida e distribuição no território, por exemplo, são marcadores sociais que tendem a agrupar-se e podem influenciar simultaneamente nos acessos de um mesmo indivíduo na sociedade. Ao reconhecer estas outras matrizes de desigualdades, podemos pensar que a promoção da equidade para as pessoas não depende exclusivamente do aumento da renda ou de sua melhor distribuição, pois existem outras nuances tão relevantes quanto classe ou renda e que não devem ficar de fora desta análise.
Esta pluralidade de formas de desigualdades impõe barreiras que dificultam a ascensão, o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida de segmentos socialmente vulneráveis ou historicamente excluídos. Nesse sentido, uma compreensão a partir das interdependências e entrelaçamentos entre diferentes formas e experiências de desigualdade torna-se fundamental para reflexões sobre estratégias de mitigação ou superação.
Você já ouviu falar do termo interseccionalidade? Trata-se de uma perspectiva que nos ajuda a reconhecer os complexos entrelaçamentos do eixo de desigualdades econômicas com os eixos de desigualdades de gênero, étnico-raciais, territoriais, derivadas do ciclo de vida das pessoas, entre outros. Além disso, chama atenção para como a sobreposição de diferentes marcadores sociais estruturam processos de produção e reprodução de relações sociais desiguais e experiências pessoais marcadas pela acumulação histórica de exclusões.
Vídeo 6 – O que é interseccionalidade?